sexta-feira, 29 de maio de 2009



Em leilão, Hirst zomba do mercado



Artista britânico coloca 223 trabalhos (todos de 2008) à venda na Sotheby's e leva seu próprio galerista a comprar uma obra "Eu acho isso um acinte com o público, duvido que algum colecionador sério tenha participado desse leilão", opina a galerista Luisa Strina
Sang Tan - 8.set.08/Associated Press

"PIGS MIGHT FLY" (PORCOS PODERIAM VOAR) Obra vendida no leilão por US$ 872 mil (cerca de R$ 1,6 milhão), valor abaixo do estimado; cotação estava entre US$ 990 mil e US$ 1,3 milhão (R$ 1,8 mi e R$ 2,4 mi) FABIO CYPRIANODA REPORTAGEM LOCAL Embora não tenha alcançado o valor mais alto, a venda da obra "The Broken Dream" (o sonho destruído) pode ser considerada a mais simbólica entre as aquisições de trabalhos do artista britânico Damien Hirst no badalado leilão realizado pela Sotheby's inglesa na segunda e terça-feira desta semana.A compra realizada por seu próprio galerista, Jay Joplin, da White Cube, sinaliza o fim de uma regra consolidada ao longo do século 20: são os galeristas que vendem as novas obras de seus artistas. Ganhando comissões em torno de 50%, o que já não acontecia com Hirst, que deixava para a White Cube apenas 30%, as galerias estão, agora, no mesmo nível dos leilões."É o fim da distinção clássica entre mercado primário e mercado secundário", diz Jones Bergamim, dono da casa de leilão carioca Bolsa de Arte. Leilões sempre pertenceram ao mercado secundário, ou seja, aquele no qual são vendidas obras que originalmente foram compradas por alguém de galerias. Nesta semana, Hirst deu um golpe na história do mercado de arte, colocando em risco o papel dos galeristas.Das 223 obras à venda, todas deste ano, apenas cinco, segundo um porta-voz da Sotheby's, não foram vendidas. Numa semana de crise econômica mundial, Hirst arrecadou, em dois dias, nada menos que US$ 200,7 mi (R$ 374,8 mi), mais do que os US$ 177,6 mi (R$ 331,6 mi) estimados pela casa.Do total, a Sotheby's ficou com algo que varia entre 12% e 20%, já que a porcentagem na venda de cada obra varia de acordo com o valor do preço final: 20% entre US$ 20 mil e US$ 500 mil e 12% para o restante. Essa porcentagem é cobrada em cima do chamado "valor de martelo", sendo que o comprador paga a porcentagem para a Sotheby's de acordo com o preço fechado. Hirst, por sua vez, não pagou nenhuma comissão à casa de leilão, o que tampouco é comum."Creio que isso será uma tendência para alguns artistas, eu mesma já fui sondada, mas não é algo que me interesse", diz Beatriz Milhazes. A tela "O Mágico", de sua autoria (mas que não mais lhe pertencia), alcançou US$ 1,049 milhão num leilão realizado no início do ano.E no Brasil, será que a novidade chega logo?"O Damien Hirst está quebrando um método do mercado de arte moderna, que se consolidou com o galerista Leo Castelli. Aqui, ainda não vai funcionar assim, mas se a Bia Milhazes ou o Cildo Meireles quiserem, eu faço o leilão na mesma hora", diz Bergamim."Eu não faria algo desse tipo, porque acho que só ia ter dor de cabeça e não é com isso que eu quero me preocupar. Na arte, o essencial é minha relação com o público, e não com o mercado", afirma Meireles, que no próximo dia 13 abre uma mostra na britânica Tate Modern.A relação de Hirst com a Sotheby's teve inicio em 2004, quando o artista vendeu todo o conteúdo de seu restaurante londrino The Pharmacy, de copos de Martini a obras de arte, por US$ 19,6 milhões, levando-o a ser considerado, no ano seguinte, a figura mais importante no mundo das artes pela revista britânica "Art Review".Para o leilão, todas as 223 obras foram produzidas em seus estúdios, com 120 assistentes, que em alguns casos decidem até mesmo a cor de suas famosas "Spot Paintings" (pinturas de pontos). Os valores obtidos no leilão são ainda mais surpreendentes tendo-se em conta que, com tantos assistentes, se sabe que Hirst tem uma produção excedente, estocada na White Cube, com mais de 200 obras -o que chegaria a um valor total de US$ 185 milhões, segundo a publicação "Art Newspaper"."Eu gosto dessa história do leilão porque vejo isso como uma performance", diz Milhazes. A opinião não é compartilhada pelo curador mexicano Cuauhtémoc Medina, que trabalhou nos últimos seis anos para a Tate: "Eu até acho que o leilão pode ser visto com caráter performático, mas a questão é que, materialmente, as obras não são boas".Já a galerista Luisa Strina é mais incisiva: "Eu acho isso um acinte com o público, duvido que algum colecionador sério tenha participado desse leilão; ele está rindo dos idiotas que compraram suas obras".Comentários irônicos, de fato, estão presentes em grande parte dos trabalhos vendidos, como o "The Golden Calf" (o bezerro de ouro), que alcançou o recorde do leilão por US$ 18,6 milhões (R$ 34,2 milhões), já que biblicamente o animal representa a adoração a falsos ídolos. Seus compradores, a maioria, segundo a Sotheby's, da Ásia e da Rússia, sem dúvida elevaram ainda mais o status de Hirst como ídolo. Falso ou não.

ADPTAÇAO DA FALSA PEÇA DE Shakespeare



Adaptação brasileira de Cardenio é auto-irônica
Folias cumpriu à risca dever de transpor a peça para a realidade cultural do País
Beth Néspoli


Uma vez que quem conta um conto aumenta um ponto, a notícia chegou assim aos meios teatrais: pesquisador de Harvard encontrou um fragmento de Cardenio, peça perdida de Shakespeare, de 1613, e está convidando grupos de 20 cidades do mundo inteiro para criar um espetáculo a partir desse fragmento. No Brasil, o escolhido é o Folias, que já ensaia sua montagem de Cardenio, sob direção de Marco Antonio Rodrigues, para estrear no dia 20. Nem tudo é invenção nessa história. Como se pode ler abaixo, há registros da estreia de uma peça chamada Cardenio no Globe Theatre, no dia 20 de junho de 1613, escrita a quatro mãos por William Shakespeare e seu jovem assistente John Fletcher. Ao que tudo indica, o manuscrito se perdeu antes da primeira compilação das obras do bardo, em 1623. Em 1727, Lewis Theobald teria encontrado o original e o adaptado no espetáculo Dupla Falsidade. Esse último serviu de base para um projeto do doutor e pesquisador da Universidade de Harvard Stephen Jay Greenblatt. Em parceria com o dramaturgo norte-americano Charles Mee, ele criou nova adaptação de Cardenio. E, com apoio de uma fundação, também um projeto que prevê montagens em vários países. "A proposta é que cada grupo se aproprie do texto e o adapte à sua cultura", diz o diretor do Folias. Greenblatt virá ao Brasil para a estreia. "A estrutura do texto que recebemos, a adaptação de Greenblatt, é a da peça dentro da peça. Há uma cerimônia de casamento no campo e os pais do noivo trazem de presente para a festa uma peça perdida de Shakespeare, para ser representada para os convidados", diz Rodrigues. O jogo de espelhamento comum nas comédias de Shakespeare se faz presente: os noivos reconhecem a si mesmos no casal da suposta peça de Shakespeare que representam, e isso os leva a mudar seu destino."Ficamos sabendo desse projeto por Pedro Schwarcz, ator do elenco de Querô (peça do Plínio Marcos encenada no Folias)", diz Rodrigues. A julgar pela leitura do texto e pelos dez minutos de ensaio permitidos à reportagem do Estado, os artistas do Folias não se fizeram de rogados no que diz respeito à transposição cultural. O tom irônico aparece já no prólogo, no inglês propositalmente tosco do ator Val Pires, cujo personagem é um serviçal, mas pode ser também o tal pesquisador de Havard no jogo de dupla identidade que perpassa todo e espetáculo. A festa de casamento foi transferida para a Serra da Cantareira, mas permaneceram do original, nas frases dos personagens, os vinhedos e olivais da região italiana da Umbria.O contraponto cômico se estende aos paralelos entre a dificuldade de encontrar o local da festa e à localização do teatro, no centro degradado da cidade. Nem mesmo Greenblatt escapou do humor do grupo (leia no trecho ao lado), cujos atores não perderam a oportunidade de rir de si mesmos, por meio da crítica à precariedade da atividade teatral no Brasil. Significativamente, os pais do noivo pretedem gravar um piloto para a TV. "E esperam ganhar mais dinheiro de Havard com isso."Por que aceitar tal convite? "Estamos vindo de duas montagens bastante difíceis, pesadas, Oresteia e Querô. E há meses preparamos o próximo trabalho, Êxodo, cujo tema é o indivíduo exilado dentro de seu próprio território", explica Rodrigues. "Esse convite representa um respiro para o grupo, a possibilidade de brincar com uma comédia romântica." A proposta era uma leitura dramática. "Recebemos U$ 25 mil; valor insuficiente para uma encenação, mas achamos que não valia a pena todo o trabalho da adaptação para uma leitura apenas. Vamos botar no palco."




O longo caminho percorrido pelo texto até chegar à cena paulistana

1605 - Edição do livro Don Quixote de la Mancha, de Cervantes. No capítulo 24, intitulado Em que Prossegue a Aventura da Serra Morena, Quixote encontra Cardenio que conta como perdeu sua amada Lucinda ao pedir ao amigo Dom Fernando que testasse sua fidelidade.1612 - Don Quixote é traduzido para o idioma inglês.1613 - No dia 20 de maio estreia a peça Cardenio, assinada por Shakespeare e seu jovem assistente John Fletcher. Há registro de mais uma apresentação, no dia 9 de julho. No mesmo ano há um incêndio no Globe Theatre. A peça não é publicada na primeira compilação das obras do bardo, em 1623. O manuscrito é dado como perdido.1653 - Humprhrey Moseley registrou os direitos do texto A História de Cardenio, cujos autores seriam Mr. Fletcher e Shakespeare. Acredita-se que tivesse em mãos o manuscrito, porém esse jamais foi publicado.1728 - Theobald Lewis afirma ter em mãos o manuscrito de Cardenio, que ele adapta "ao século 18" no espetáculo Double Falsehood, or, The Distressed Lovers (Dupla Falsidade ou O Amante Indigente). Diz ter entregue o original à biblioteca do Covent Garden Theatre.108 - Incêndio destrói a bibliotecado Covent Garden.2004/2005 - O titular de literatura da Universidade de Harward Stephen Greenblatt e o dramaturgo norte-americano Charles Mee reescrevem Cardenio a partir de uma triangulação entre o original de Quixote, a adaptação Dupla Falsidade e o elementos recorrentes na dramaturgia de Shakespeare. 2007 - Projeto de Greenblatt propõe a "apropriação" da obra Cardenio para realização de leituras dramáticas ou até encenações por 20 grupos de diferentes cidades, entre elas Zagreb, Calcutá, Madri e Yokohama.2008 - O Folias é convidado a participar do projeto. Fernando Pax traduz o texto e Reinaldo Maia assina a adaptação que será dirigida por Marco Antonio Rodrigues e estreia no dia 20.

A voz da crítica
"Esse fragmento às vezes é atribuído a Shakespeare, mas não hoje em dia: já está na edição das apócrifas. É uma peça perdida. Nenhum texto de Cardenio pode ser atribuído a Shakespeare de maneira alguma, porque ninguém sabe ao certo como era a peça. Nas obras completas da Oxford Shakespeare, de Stanley Wells, há uma menção a Cardenio, mas é tudo muito vago. Não há nada que comprove a autenticidade do fragmento que supostamente serviu de base à peça Dupla Falsidade. Mas se um pesquisador de Harvard quer ser divertir e está disposto a investir dinheiro nisso, eu acho ótimo. Cada um brinca como quer e pode. Agora, só acho que Shakespeare não tem nada com isso. Não há base para provar autoria. Há muito tempo Cardenio entrou nessa briga (por autenticidade) e nunca se conseguiu provar nada. Quando não há mais nada a fazer, brincam com essas ideias."DEPOIMENTO DA CRÍTICA E TRADUTORA BÁRBARA HELIODORA À REPÓRTER BETH NÉSPOLITrecho da adaptação de Reinaldo MaiaLUISA - ... Nós recebemos um convite especial de Harvard para fazermos uma obra de Shakespeare! Uma obra que se encontrava perdida! ANSELMO E CAMILA - Lua de mel em Harvard! DORIS - Não sabia que Shakespeare tinha perdido uma obra. ALFRED - Bom, não é que ele perdeu... Ela se perdeu sozinha!DORIS - É... Os mapas da época também deviam ser muito confusos...ALFRED - Parece que foi montada na época, mas nunca foi impressa...LUISA -E então desapareceu...ALFRED - Como muitas outras obras na história que desapareceram... Pense nas obras de Sófocles. De 123 peças só sete ficaram. E até onde sabemos, muitas obras de Shakespeare podem ter se perdido. Mas Cardenio reapareceu no século 18... E depois sumiu de novo! LUISA - Recentemente foi descoberta por um pesquisador de Harvard... ALFRED - Bom, pesquisador do tipo...DORIS - Indiana Jones!LUISA - Uma espécie de...DORIS - Charlatão!ALFRED - Uma pessoa não exatamente... DORIS - Digna de confiança!(Rudi toca o tema de Indiana Jones na corneta).RUDI - Se é realmente uma obra de Shakespeare ou se ele apenas escreveu um pedaço, o certo é que o velho manuscrito desapareceu quando o antigo Convent Garden pegou fogo em 1804. Enfim, ninguém pode provar o quanto de Shakespeare existe nela!LUISA - Mas pelo menos a versão do charlatão sobreviveu.ALFRED (Para Anselmo) - E sua mãe e eu vamos filmá-la! Precisamos o quanto antes receber a segunda parcela que Harvard nos prometeu!LUISA - Mas, antes disso, decidimos fazer umas tomadas aqui com vocês!ANSELMO - Mãe! Eu odeio atores! Odeio o teatro! E além do mais, ninguém aqui é ator!ALFRED - Mas é disso que precisamos! Espontaneísmo! Este é o espírito da filmagem! É isso que nós queremos!LUISA - Anselmo! Participar de uma obra perdida de Shakespeare a pedido de Harvard é uma oportunidade única! Vocês vão ler uma obra perdida de Shakespeare! E nós vamos filmar esse roteiro!ANSELMO - Estávamos pensando em comer e beber, e talvez as pessoas queiram aproveitar que estão aqui e dar um pulo num shopping ou fazer um piquenique no Ibirapuera, não sei, mas não acho que alguém pensou que iriam ter de fazer uma obra!

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Literatura é como cocaína, música é como heroína", diz Iggy Pop



"Literatura é como cocaína, música é como heroína", diz Iggy Pop

PARIS, França, 26 Mai 2009 (AFP) - "A literatura é como a cocaína, e a música é como a heroína: a primeira aguça o espírito, a segunda te idiotiza", declara rindo Iggy Pop, lenda viva do rock norte-americano, que acaba de lançar um disco inspirado no romance "A possibilidade de uma ilha", do francês Michel Houellebecq."A literatura é muito importante para mim. O livro de Houellebecq ilustra coisas que eu tinha em mente em relação ao sexo, à morte e ao sexo oposto", explica o cantor, de 62 anos, em entrevista à AFP."Em minhas obras da juventude já havia muitos ecos de Burroughs, Kerouac e Ginsberg", acrescenta.




Seu novo disco, que chegou às lojas na segunda-feira, foi batizado em francês: "Préliminaires". "Toda a intriga do romance é uma preliminar da morte. E, na minha idade, cada ato é uma preliminar da morte: compor ou não, trabalhar ou se divertir, tentar ganhar dinheiro ou liberdade...", exemplifica."Faça o que fizer, o relógio continua avançando, e este é um tema muito forte na literatura francesa, por exemplo no existencialismo", afirma Iggy Pop.A princípio, 'A Iguana', como é chamado, queria escrever apenas umas poucas músicas para um documentário sobre a filmagem de um filme baseado no livro de Houellebecq, dirigido pelo próprio escritor. O projeto logo se tornou maior, devido à admiração do roqueiro norte-americano pelo romance, no qual clones e seitas aparecem como atores de uma visão pessimista da condição humana."Eu me reconheci nessa história de crise dos 50 anos, com fundo de ficção centífica. Havia nela paralelos com a minha vida: eu também tenho cachorros, namoradas, passei temporadas na costa espanhola, e Miami, onde eu moro, recebe convenções de raelianos" (seita na qual o livro se inspira), conta.Por isso, o disco tem a mesma atmosfera de melancolia dos romances de Houellebecq, que pode ser sentida em uma estação balneária em pleno inverno."Quando li o livro, em sua tradução inglesa, estava em Cabourg (costa da Normandia), era verão mas fazia frio e eu tinha esse tipo de sentimentos", lembra Iggy Pop, cujo verdadeiro nome é James Osterberg."Quando escrevi a música, me lembrei dessas impressões e de minhas cenas favoritas"."Depois, Michel Houellebecq me disse que essas emoções eram muito fortes na música 'Spanish Coast', e que ele gostava em particular de 'A Machine For Loving', na qual junto música com suas palavras", explica o cantor, precurssor do punk nas décadas de 60 e 70 com a banda The Stooges, cujo guitarrista, Ron Asheton, morreu em janeiro deste ano.Mais além da influência de Houellebecq, "Préliminaires" é um disco francófilo. Começa e termina com uma versão em francês de "Les Feuilles Mort", um clásico da canção francesa cuja letra é um poema de Jacques Prévert, e foi ilustrado pela artista franco-iraniana Marjane Satrapi.

Iggy Pop emprestou sua voz a um dos personagens de Satrapi na versão em inglês do desenho animado "Persépolis", filme baseado na autobiografia em quadrinhos homônima, e voltará a trabalhar com ela em outro filme em julho, desta vez, com atores de carne e osso.

terça-feira, 19 de maio de 2009

NOVO Von Trier

Anti-Cristo, novo filme do enfant terrible Lars Von trier, acaba de streiar en Cannes.
Ao contrario dos anos anteriores em que Trier foi intensamente ovacionado, desta vez seu filme foi recebido com vaias calorozas.

Segundo os jornalistas, um reporter chegou a gritar por uma justificativa ao filme permeado de violencia e cenas de sexo explicito.

Abaixo um trecho da entrevista em Cannes (Traduzida) em que Trier demonstra um pouco do seu conhecido bom humor!

segunda-feira, 11 de maio de 2009

MODERNISMO Ampliado??


Depois da mais influente biografia de Freud e 5 volumes sobre as sensibilidades burguesas da era vitoriana, o historiador Peter Gay,87, lançou sua versao, muito pessoal, do Modernismo.
Resenhado com muita polemica por todos os grandes jornais, ele tem sido muito criticado tanto por omissoes (brecht, por exemplo) como por inclusoes inusitadas como Frank Ghery.

Estou na metade do catatau de quase 600 paginas e por enquanto deixo " apenas " as calorosas resenhas publicadas nos jornais.



Modernismo precário
Banal e mal pensada, obra do historiador Peter Gay decepciona ao tratar do movimento que influenciou decisivamente a cultura ocidental no século 20MARCELO COELHOCOLUNISTA DA FOLHA
Conhecido por sua biografia de Freud ["Freud - Uma Vida para o Nosso Tempo", Companhia das Letras], e seus grandes painéis sobre o Iluminismo e sobre a "experiência burguesa" no século 19, o historiador Peter Gay dedica as mais de quinhentas páginas deste livro (com mais de 80 notas, bibliografia e índice remissivo) ao modernismo -ou, como diz o subtítulo, ao "fascínio da heresia, de Baudelaire a Beckett".O resultado é dos mais decepcionantes. Trata-se de um livro mal pensado em sua arquitetura, frágil na conceituação, com vários erros de acabamento e incolor, quando não banal, na sua escrita. O maior erro de Peter Gay é tratar cada arte -pintura, cinema, música- em capítulos separados. Poucas coisas são mais características da arte moderna do que a criação de movimentos estéticos (o surrealismo, o expressionismo) nos quais pintores, músicos e poetas compartilhavam de um projeto comum.A estrutura escolhida pelo autor termina levando a um ziguezague cronológico que, abrangendo um período de 150 anos, não só se torna trabalhoso para o leitor, como também leva a algumas repetições na exposição.Pior: tratando-se de um livro claramente introdutório, destinado, por exemplo, a quem nunca ouviu falar da palavra "móbile" ou desconhece o enredo de "Luzes da Cidade" [1931], de Chaplin, a falta de uma explicação coerente do que significaram os diversos "ismos" da arte moderna haverá de ser sentida pelo leitor.É que, no fundo, a preocupação de Peter Gay não incide sobre os aspectos da linguagem, do programa estético, das inovações formais propostas pelos diversos artistas e correntes do século 20.Pela bibliografia comentada que consta ao final do livro, vê-se que Peter Gay é, antes de tudo, um leitor de estudos biográficos, aparentando ignorar a imensa quantidade de textos teóricos já escritos sobre a arte moderna e mesmo algumas introduções didáticas ao tema que superam de longe o livro que ele acabou escrevendo.Tornam-se quase vergonhosos, assim, os trechos que Peter Gay dedica ao "modernismo" de Orson Welles. O autor oferece um convencional resumo de "Cidadão Kane" [1941], sem dar atenção às ousadias de linguagem do filme.Inscreve, ademais, os filmes de Chaplin na rubrica "modernismo". Mas este é um caso evidente em que o cinema foi antes fonte de inspiração para a vanguarda do que seu autêntico representante.Se quisesse dar uma ideia mais precisa do modernismo no cinema, Gay poderia ter citado, por exemplo, "Um Cão Andaluz" [1928] de [Luis] Buñuel, ou "Um Homem com uma Câmera" [1929], de Dziga Vertov.Naturalmente, apontar omissões em um livro panorâmico desse tipo pode parecer covardia.Mas é difícil não reagir com espanto a um estudo sobre modernismo que mal toca em nomes como Apollinaire e Maiakóvski, na poesia, Pirandello e Brecht, no teatro, e Isadora Duncan, na dança, enquanto discorre longamente (privilegiando sempre a biografia) sobre Knut Hamsun e Gabriel García Márquez."Modernismo" é falho, ademais, no breve capítulo encarregado de contextualizar historicamente a arte moderna. Concentra-se nos fenômenos mais evidentes (a urbanização, o transporte ferroviário, a Primeira Guerra), sem retratar as revoluções científicas e filosóficas da época. Einstein e Bergson, Chklovski e Spengler, Mach e Husserl estão fora de seu ângulo de visão.Freud, com certeza, é invocado. Pobremente: o autor identifica sinais de complexo de Édipo em Kafka e Strindberg.Tem-se uma impressão de ainda maior amadorismo quando Peter Gay se refere às influências recebidas pelo "modernista" (?) Jean-Paul Sartre em sua filosofia. Resumiam-se, segundo o autor, "aos velhos escritos do teólogo dinamarquês Soren Kierkegaard".Nada de Husserl e Heidegger, portanto, nesse autor que, depois de 1941, teria (erro de Peter Gay) se engajado na Resistência.Pequenos erros desse tipo aparecem com irritante frequência. Confunde-se dodecafonismo com serialismo. O compositor russo Scriabin teria inventado "novas tonalidades". A famosa estreia da "Sagração da Primavera", de Stravinski, foi em 1913, e não em 1911, como assevera a pág. 25.Mesmo as ilustrações do livro representam desserviço ao leitor. Uma foto do Museu Guggenheim de Bilbao traz junto, ostensivo na fachada, um filhote de cachorro gigantesco, obra do escultor Jeff Koons, que, na ausência de qualquer esclarecimento na legenda, pode ser confundida com a arquitetura do edifício.A banalidade das legendas é, aliás, um capítulo à parte. Sob a reprodução de um quadro de Gustave Caillebotte, lemos: "Este óleo enorme é provavelmente sua tela mais famosa".Uma foto de Samuel Beckett nos informa que sua obra, "décadas depois, permanece altamente controvertida".Mais banalidades? Disso o livro está repleto. "Em suma, o que os teatrólogos do absurdo tinham em comum era o desafio de todas as convenções consagradas que o teatro usou irrestritamente ao longo dos séculos". Como se [o escritor francês] Victor Hugo não tivesse desafiado todas elas, antigas também, em 1830...Sobre Marcel Duchamp, lemos que "uma coisa é certa: Duchamp estava absolutamente distante das convenções estéticas vigentes e adorava a originalidade".O tom se torna piegas ao tratar de Franz Kafka: "Por mais que gostasse de escrever, porém, a escrita não tinha força suficiente para salvá-lo de si mesmo".


O modernismo segundo Peter Gay
Autor reacende debate ao defender em seu novo livro que o 'fascínio da heresia', e não a ideologia, uniu os modernistas
Antonio Gonçalves Filho
Tamanho do texto? A A A A
Componentes.montarControleTexto("ctrl_texto")
O historiador judeu de origem alemã Peter Gay, hoje com 86 anos, tinha pouco mais de 10 quando escapou da Alemanha de Hitler, em 1933. Estabelecido nos Estados Unidos, dedicou sua vida a pesquisar a história que deixou para trás, produzindo estudos e biografias de personagens da cultura europeia, dos quais os mais célebres são um ensaio sobre o panorama artístico na República de Weimar e uma biografia de Freud. No entanto, seu mais recente livro, Modernismo (Companhia das Letras, tradução de Denise Bottman, 578 págs., R$ 64) dividiu os críticos, como atestam os textos publicados na página ao lado, do crítico e curador Teixeira Coelho e do historiador Francisco Alembert. Acusado de eurocentrismo - por ter eleito apenas artistas, escritores, dramaturgos e músicos modernistas europeus, omitindo americanos e latinos - Gay defendeu-se antecipadamente das críticas que viria a receber escrevendo, no prefácio, que seu livro não é um estudo sobre o nascimento, crescimento e declínio do modernismo. Esta seria, segundo o historiador, tarefa impensável para um único volume - daí a ausência de grandes romancistas como Faulkner e Saul Bellow ou pintores como Willem De Kooning e Francis Bacon.Numa história geral, teria de acomodar todo mundo. Em sua história particular, ele buscou apenas os traços comuns aos modernistas, dissociando-se da ideologia de seus contemplados, sejam eles o Nobel de Literatura Knut Hamsun, simpatizante do fascismo, ou o dramaturgo antifeminista August Strindberg, passando pelo ultracatólico poeta T.S. Eliot e outros pilares do modernismo associados a regimes totalitários (o futurista Marinetti, por exemplo). Gay defende que o liberalismo é o princípio fundamental do modernismo e faz de sua lista uma declaração de princípios, provando que a modernidade não é a pátria da democracia. Ao contrário. É o paraíso de autocratas como Picasso, bancados pelos burgueses sobre os quais destilou seu ódio.Embora diga que não se arriscou a oferecer uma leitura psicanalítica do modernismo, o historiador, ao falar de Kafka, vai além de Freud e transfere para a arena da psicanálise a discussão sobre a obra do escritor. Seu diagnóstico: o autor de A Metamorfose era um edipiano desajustado, vítima do desamparo moderno provocado pela tirania do pai - celestial ou biológico. O fato de Kafka ser judeu e de tantos outros criadores judeus terem influenciado o modernismo poderia, então, conduzir a outras interpretações igualmente polêmicas? Gay é mais cauteloso nesse terreno minado, lembrando que não existe tal coisa chamada de "gosto judeu". Judeus ricos compravam tanto os acadêmicos dos salões como Picassos e resistiram às inovações de Schoenberg quase tanto como evitavam a revolucionária arquitetura da Bauhaus.A rebelião modernista, ainda segundo Gay, tampouco foi esquerdista, embora tenha sido uma resposta ao mundo burguês. Regimes totalitários, defende, foram sempre hostis ao modernismo, do nazista - e a exposição Arte Degenerada, de 1937, é prova incontestável - ao comunista. Com relação ao último, ele dá um jeito de contornar o incontornável, omitindo o nome do dramaturgo alemão Bertolt Brecht. Gay discorda do crítico, também marxista, Georg Lukács, que decretou 1848 o ano da morte da ideologia burguesa. Lukács disse que a burguesia francesa não mais desempenharia um papel na progressista peça da modernidade. Gay diz o contrário: a primeira qualidade dos modernos é o que chama de "fascínio pela heresia". Artistas de origem burguesa provocam outros burgueses escandalizáveis e são por eles financiados. Não haveria, segundo ele, uma única ideologia política capaz de bancar ou explicar o modernismo.Seja como for, Gay admite o ano da publicação do Manifesto Comunista - 1848 - como um marco, escalando o poeta francês Charles Baudelaire como o primeiro herói do modernismo. Alvo preferencial do ódio burguês, Baudelaire foi o herético encarregado de provocar a sociedade francesa, ao desprezar a poesia tradicional e expor suas taras sexuais em poemas profanos. O "subproduto degenerado" do modernismo, no entanto, teve ancestrais ilustres - o protomodernista Diderot, cita Gay, descartando a localização histórica do modernismo, que, segundo o mesmo, não acabou. Para provocar, ele diz que não sabe o que é pós-modernismo e conclui o livro chamando de "moderno" o "herético" arquiteto Frank Gehry. O que Bilbao pode fazer pelo modernismo? Nem Gay sabe. Diz que é historiador, não profeta - mas não hesita em culpar Duchamp por ter destruído a ideia de modernismo, ao afirmar que tudo pode ser arte, sonho que a arte pop, segundo ele, converteu em realidade.Para Gay, o declínio do modernismo começou quando o público aceitou a provocação dos artistas pop - Warhol, em particular, por ter eleito tantos ícones do consumo como arte. Até então, a arte exigia uma sensibilidade mais "educada" (ou elitista), argumenta. Após Andy Warhol, vale tudo.
var keywords = "";

sábado, 9 de maio de 2009

Philip Roth & Wood.

Por ocasiao do lançamento do novo livro sobre Wood por seu biografo Erica Lax, posto aqui uma divertida entrevista do jornalista, além disso, deixo uma pequena confissao sobre minhas descobertas sexuais em Roth e Wood.


HOMEM DE SENTIMENTOS FORTES*Entrevista de Eric Lax, autor de Conversas com Woody Allen, concedida ao jornalista Antonio Gonçalves Filho, para o jornal O Estado de S. Paulo, 13/11/2008. Iniciado em 1971, o livro Conversas com Woody Allen (Cosac Naify, 512 págs.) do jornalista norte-americano Eric Lax, cobre metade da vida do mais engraçado cineasta dos EUA, que abandonou o trem de Fellini para pegar o vagão de Bergman e embarcar no chamado cinema "sério", ao filmar, em 1978, o hoje clássico Interiores, seu rito de passagem. Woody Allen, diretor de Vicky Cristina Barcelona, que estréia em São Paulo, confirma em sua entrevista que é a pessoa menos indicada para falar de seus filmes. E também que não faz o mínimo esforço para acabar com a fama de anti-social.
Apenas uma pessoa, o jornalista Eric Lax, seu biógrafo, parece capaz de arrancar dele declarações que joguem alguma luz sobre esse autor que pouco se importa com o público, chegando a usar como título de trabalho de um seus mais badalados filme, Annie Hall (Noivo Neurótico, Noiva Nervosa) a palavra Anedonia (que significa incapacidade de sentir prazer). Lax, em sua entrevista exclusiva ao Estado, garante que, apesar do título exótico, Allen não é uma pessoa indiferente. "Na realidade, é um homem de sentimentos fortes, embora controlado", define o jornalista.
Lax diz que todas as entrevistas foram editadas sem cortes, embora admita ter aceitado sugestões de Allen e inserido alguns esclarecimentos para que suas declarações não parecessem ininteligíveis como as de Casey Stengel, o treinador do New York Yankees.
Conheça hotsite do livroConversas com Woody Allen, de Eric LaxR$ 65Veja detalhes do livro e compre neste site
O título original de Annie Hall (Noivo Neurótico, Noiva Nervosa), era Anhedonia (Anedonia), que significa a incapacidade de sentir prazer, algo muito próximo à imagem que se tem de Woody Allen, considerando seus filmes. Você classificaria seu biografado de indiferente?Como muitas pessoas engraçadas, Woody tem uma visão melancólica da vida. Não diria que é indiferente. Na realidade, é um homem de sentimentos fortes, embora controlado. Ele não se permite sentimentos extremos de euforia ou infelicidade. Ao contrário, move-se dentro de uma faixa estreita de emoção, que o protege e permite que se concentre em seu trabalho. Nunca encontrei em minha vida alguém tão disciplinado. Não importa como se sinta, ele se obriga todos os dias a escrever e a estudar clarineta. Essa disciplina é uma das razões de sua prolífica produção.
Entre os filmes favoritos de Woody Allen estão A Rosa Púrpura do Cairo, Match Point e Maridos e Esposas. E você, quais são os filmes que considera os mais reveladores de sua personalidade?Todos os três filmes citados representam parte da filosofia pessoal de Woody. A Rosa Púrpura do Cairo trata da diferença entre a fantasia, como mostrada nos filmes vistos pela personagem de Mia Farrow, Cecília, e a realidade. Seria maravilhoso se o galã saísse da tela e Cecília pudesse fugir com ele, mas isso é apenas um sonho. A realidade é que Cecília vive em plena Depressão americana dos anos 1930 e é casada com um um homem egoísta e rude. Já Match Point traduz sua desconfiança de que não há nenhum Deus olhando por nós para nos recompensar ou punir. Se escolhemos matar alguém e não formos pegos pela polícia, então podemos seguir em frente. Woody argumentaria, contudo, que, mesmo diante de um universo indiferente, devemos agir dentro da lei, porque isso dá satisfação pessoal e, se assim não fosse, seria o caos. Ele diria: faça o bem, mesmo que não receba nenhuma recompensa. Mas fazer o bem por conta própria é provavelmente mais difícil do que por conta de uma ameaça religiosa. O Sonho de Cassandra, creio, é uma espécie de conclusão de Match Point: alguém comete um crime, mas sua consciência não o deixa em paz.
Alguns críticos ficaram frustrados com as poucas revelações da vida pessoal de Allen em seu livro. Por que evitou perguntas pessoais em seu livro?Escrevi uma biografia de Woody há 17 anos e publiquei uma edição atualizada quando ele e Soon Yi Previn se casaram. Esse livro está cheio de detalhes da vida pessoal de Woody. Já Conversas com Woody Allen não é uma biografia, mas um olhar sobre a evolução do artista nos últimos 36 anos. Versa sobre um diretor e sua obra. Concluímos, ele e eu, que seria melhor organizá-lo do jeito que está, acompanhando ano a ano essa produção, do que esperar para rememorar fatos que aconteceram, 20, 30 ou 50 anos antes. Este livro é como um álbum em que cada conversa foi registrada na época, sem modificações, permitindo que o leitor possa imaginar como Woody se sentia, por exemplo, nos anos 1970, quando começou.
Quando você o conheceu, em 1971, Woody disse que havia algo de imaturo, de segunda classe, na comédia, quando comparada ao drama. Em sua opinião, o que fez, então, o diretor escolher o primeiro gênero em sua estréia?Ele era realmente bom na comédia e foi assim que construiu sua carreira. Esperava que os estúdios, depois que ele tivesse feito um nome como cômico, financiassem seus dramas, o que, de fato, acabou acontecendo.
Depois da biografia de Woody Allen, você publicou alguns outros livros no gênero, entre eles as vidas de Humphrey Bogart e Paul Newman. O que é mais difícil: escrever sobre um ídolo morto ou um autor vivo?A biografia de uma pessoa viva é, por definição, incompleta e ninguém, incluindo aí o biografado, sabe o que acontecerá no futuro. Então, podem acontecer reviravoltas que venham a desmenti-la. Se o sujeito está morto, então o escritor tem as entrevistas e documentos para trabalhar e a história pode ser vista como um todo. Woody jamais reclamou de nenhuma revelação que tenha feito sobre sua vida, mesmo a de que casou virgem, aos 20 anos. Verifiquei pelo menos duas vezes cada informação de sua vida.
Allen reconheceu que você é uma das poucas pessoas que realmente o conhecem bem. O que o fez mudar de idéia a seu respeito, considerando que sua primeira entrevista com ele foi um desastre?Conversas correm bem quando ambos estão confortáveis. Ele era uma pessoa muito tímida na primeira vez que nos vimos e eu estava mais nervoso do que deveria, então trocamos apenas algumas palavras. As respostas dele foram sucintas e pensei que nunca mais nos veríamos. Mas não. Ele me telefonou, fizemos uma nova entrevista e as coisas melhoraram, a ponto de sermos amigos desde então.
Nas entrevistas, Woody Allen mostra-se autodepreciativo, embora bastante honesto, mas evita explicar seu lado anti-social. Por que ele nunca vai a festas em sua homenagem e recusa receber prêmios?Creio que sua timidez crônica seja a resposta. Ele não suporta fazer conversas tolas e detesta prêmios em geral. Diz que os prêmios, de certa forma, prejudicam o artista, argumentando que, se você aceita um prêmio, aceita também a opinião de quem o deu e terá de aceitá-la novamente se essas mesmas pessoas decidirem que seu filme seguinte é um fiasco. Para ele, a platéia-alvo de seus filme é ele mesmo, embora, claro, fique muito feliz quando um filme como Match Point, que é talvez aquele que mais o agrada, faz sucesso junto ao público e tenha ressonância crítica.
Seu livro, como disse, é um álbum que contempla metade da vida de Woody Allen. Além de sexo e sua admiração por filmes europeus, qual é o tema mais freqüente das conversas entre vocês?Esportes, livros e crianças, além da seus filmes, que ocupam boa parte das conversas.
Woody Allen tem algum projeto irrealizado, algo ambicioso que ainda pretende fazer?Sim, ele gostaria de fazer um filme chamado American Jazz, sobre o desenvolvimento do jazz.
Allen já pensou em escrever a autobiografia, como disse em algumas entrevistas, o que leva automaticamente à pergunta: ele não autorizou a publicação de alguma passagem de seu livro?Posso garantir que as entrevistas foram publicadas na íntegra, sem edição, em todos os países onde o livro foi lançado. No Brasil, inclusive.

[Antonio Gonçalves Filho gentilmente autorizou a reprodução da entrevista no site Cosac Naify]








Permitam dizer que Roth é muito bom!

Pensem em um garoto com idade entre 15 e 17, ele ja namora e paquera a algum tempo, porém, agora ele que começa a querer conhecer mais esse " ser misterioso e complexo" chamado mulher. Ele ja viu alguns filmes, alem disso, ele ja conhece o velho Wood e seus tiques verborragicos. Já leu alguns livros , inclusive americanos, roubou algumas ' Caprichos" das primas (HUM!! suspeito!).Mas, eis que um dia ele descobre Philip Roth e um mundo de descobertas sexuais se abra para ele!Todos aqueles personagens neuroticos, o menino masturbador, o professor que se separa de uma " Garota-Problema" e sonha que toca a vagina da " prostituta de Kafka", um escritor judeu, como os outros dois, em começo de carreira que " pega" ninguem menos que, Anne Frank ( de tres casos ) .Sem duvida nenhuma, aprende-se muito com isso. As vezes a " Maquina de fazer doido" nao é suficiente , apesar da novela das oito, para fazer cair a ficha.Dai em diante só me restou perseguir esse Wood Allen dos romances.Espero que possam descupar a ego trip!