sexta-feira, 30 de maio de 2008

As Lagrimas de Saramago




Uma imagem para a historia da literatura.

Nesses últimos dias pessoas do mundo todo entre fãs, leitores e adimiradores do
grande escritor José de Souza, mais conhecido como José Saramago, foram presenteados
com um video no You Tube revelando reações emocionadas do escritor e do diretor Fernando
Meireles no final da exibiçao de "Blindness", adaptaçao do formidavél "Ensaio Sobre Cegueira".

Para leitores inveterados de Saramago, como nos, aquela imagem foi sublime. O silencio
apreensivo pairando no ar e, derrepente, uma lágrima vazada do rosto desse senhor, seguida
de um carinhoso beijo em sua testa por um Meireles aliviado e , também, emocionado.

Essa imagem é também, para todos que conhecem o temperamento do velhinho, surpreedente
pois, Saramago costuma ser um homem serio e reservado, deixa a emotividade para os
"Marketeiros da Escrita". Isso nao quer dizer que ele nao tenha senso de humor, com tiradas sutis,
já deixou muitos em situaçao de ridículo.

Em uma de suas visitas ao Brasil, foi a um colégio de classe media alta em Pinheiros chamado, se
me lembro bem, Santa Cruz. Iria fazer uma breve leitura do seu mais recente livro, Homen Duplicado, depois
autografaria os livros. Fui até ele, como todo mundo, passei pela fila de autografos mas, por um momento,
fui ao banheiro e ao voltar, ele achou que eu havia cortado fila;

" Oras, tens que pegar fila como os outros!" a menina que estava ao meu lado logo preciptou a falar em meu favor, mais aliviado pude pergunta-lhe algumas
coisas enquanto autografava meus livros e, veja só, consegui tira até foto com o célere homem!

Ensaio Sobre a Cegueira foi o o segundo livro de Saramago que li, vinha de muito boa impressao do livro anterior
Todos os Nomes, uma obra muito inventiva, com que para min permeada de ecos Kafkianos.
Mas Ensaio..., foi um choque!
Um livro monumental e original, sua trama de digressoes extenças e sem pontuaçao era difrente de tudo
oque eu tinha lido. Nao que eu desconhecesse, Woolf, Faulkner, Mann, Nabokov ou Joyce.
Mas aquilo era um primor!


Em 9 de Agosto de 1995, Saramago escre em seu diario ( Cadernos de Lanzarote 1 vol) que terminara

no dia anterior Ensaio...


"Quasse quatro anos após o surgimento da ideia, ocorrido no dia 6 de setembro de de1991, quando, sozinho

almoçava no restaurante Varina da Madragoa, do meu amigo antonio Oliveira.

Exatamente tres anos e tres meses depois em 6 de Dezembro de 1994, anotava no mesmo caderno que

decorrido todo esse tempo, nem cinquenta paginas tinha ainda conseguido escrever: viajara, fui operado de catarata... E lutei , só eu sei quanto, as dúvidas, as perpelexidades, os equivocos que a toda hora se me

iam atravessando na historia e me paralisando. Como ne nao fosse o bastante, desesperava-me o proprio horror

do que ia narrando. Enfim acabou, ja nao terei de sofrer mais "


Saramago vai deizer que da ideia original ficou" tudo e quase nada" e que escreveu o que queria, mas nao

escreveu como tinha pensado.


Ainda assim, o livro tornou-se uma narrativa extraordinária de um escritor com dominio total de suas arte, um homen que se fez aos poucos, que decidiu calar-se por muitos anos e so voltar quando tivesse algo a dizer.( ah! se todos fossem iguais a voce!)
A historia de uma cegueira branca, a cegueira que, ao contrário de esconder, revela mais que a visão plena. Poucas vezes a barbarie humana, seu egoismo e violencia foram tao bem explicitadas em um romance.
Saramago criou nessa " Fábula Contemporanea" uma inversão da nossas impressões para mostrar-nos como
realmente somos.
Quando os olhos se fecham para o humano, para o outro, ai então, temos a cegueira de verdade, a total miopia
do homen.






quinta-feira, 22 de maio de 2008

EU SOU A HISTORIA, Sobre testemunhos Pessoais

QUE HISTÓRIA É ESSA?

Depender de relatos pessoais para construir parte da história de um pais pode ser considerado um registro legítimo de acontecimentos fatuais. Essa é uma questão delicada para as ciências humanas na pós-modernidade e motivo de controvérsia entre historiadores, antropólogos e críticos literários. Há motivos para apontar os limites do poder desses depoimentos, muito embora isso seja fazer papel de estraga-prazeres. Mesmo assim, escolhi abordar o assunto e andar sobre brasas

Falo aqui do excelente Tempo Passado, da socióloga Beatriz Sarlo, uma das mais importantes intelectuais vivas da Argentina. No livro ela critica a importância que se tem dado ultimamente ao relato em primeira pessoa, tanto por parte da imprensa como da comunidade acadêmica. O assunto sempre me interessou e, sem dúvida, é de grande importância para todos que queremos pensar a cultura em todas as suas dimensões e implicações.

Segundo Sarlo, a autoridade que o testemunho vem ganhando dentro desse preocesso que ela chama de “guinada subjetiva” diminui a importância do debate teórico e da necessidade de cruzar versões para que se possa chegar próximo da realidade. Vivemos uma época em que a primeira pessoa reclama para si uma legitimidade e uma verdade, sustentadas pela idéia de que aquele que viveu determinado acontecimento está, simplesmente por esse fato, em uma posição privilegiada para narrá-lo. É a época do depoimento. É notável como essa visão se reproduz nos programas de TV; dos noticiários aos programas de auditório, e até em jornais com grande projeção, testemunhos pessoais dos mais variados e sobre os mais diversos assuntos são indispensáveis para dar força à noticia.

Já na academia, a história oral tomou grande impulso nas últimas duas décadas, ajudada pelo movimento pós-moderno, que criticou fortemente a autoridade documental, e transformou-se em uma linha de pesquisa bem estabelecida entra historiadores. Por outro lado, a historiografia produzida pela Universidade vem perdendo influência na sociedade por não querer responder a uma história mais comercial, que se torna cada vez mais popular por meio da proliferação de best-sellers pseudo-históricos e com grandes exposições temáticas. Cabe aqui uma breve análise de como essa perda de público deu força à banalização (se podemos usar esse termo) da história.

Mesmo não sendo um exemplo de relato pessoal, o Código da Vinci ilustra bem esse anseio pela simplificação fácil de temas históricos. Como todo mundo sabe, ele conta a história do suposto segredo, guardado a sete chaves pela Igreja, de que Jesus teria gerado filhos com Maria Madalena, dando origem a uma linhagem sagrada. O autor chegou a afirmar que se baseou em documentos de época e relatos apócrifos anônimos para escrever o livro – embora qualquer pessoa bem informada, não necessariamente um acadêmico, saiba que a obra não passa de um romance sensacionalista com algumas referências históricas.

É claro, porém, que a razão para esse desinteresse por obras sérias de história, baseadas em documentação confiável e análise critica das fontes, feitas por acadêmicos honestos, não é apenas a preguiça intelectual de encarar um livro mais árduo. Penso que isso se deve à dificuldade que os historiadores profissionais têm para escrever uma história que seja ativa e de interesse entre a população. Além disso, já vai o tempo em que, influenciadas pelas grandes crônicas nacionais escritas por romancistas, a historiografia primava pela narrativa inspirada, gerando assim grande interesse. É importante notar que a história bem escrita e que se beneficia da narrativa não é necessariamente sensacionalista e de puro entretenimento.

Ironicamente, já há anos, e influenciados pela antropologia, o olhar de muitos historiadores deslocou-se para a vida cotidiana de pessoas normais e cidadãos sem grandes feitos históricos. Dentre eles um em especial, pelo qual tenho grande admiração, escreveu a história de um moleiro italiano, chamado Menochio, que passou pelo Tribunal da Inquisição. Em seu depoimento extraordinário, Menochio desconcertou a todos ao explicitar sua tese de que o mundo era um enorme queijo; de que este pequeno cosmos seria a morada de vermes que dariam sentido ao Todo; e de que esses vermes seriam os homens. Sem dúvida, uma explicação diferente de tudo o que os inquisidores já tinham ouvido. Essa obra muito conhecida, O Queijo e os Vermes, de Carlo Ginsburg, foi um grande sucesso de vendas, traduzido em diversas linuas, mostrando que livros de historia com qualidade podem ter um bom público.

Retomando a questão específica da hipervalorizaçao do relato pessoal e da criação de uma “indústria cultural da memória”, podemos reparar que elas se tornam problemas maiores quando a única fonte que resta são os depoimentos, como no caso da Argentina do período da ditadura. Nesse caso eles foram fundamentais para provar os crimes do Estado, dando uma dimensão jurídica do testemunho pessoal, que não pode ser substituído. É praticamente a única coisa de que se dispõe para julgar e condenar os culpados pelas torturas e mortes. Nesses casos específicos não há discussão.

O que precisamos estar atentos, talvez, é para o fato de que simplesmente confiar no relato pessoal – como se todo o século XX, de Freud a Derrida, não tivesse sido precisamente uma época de critica da experiência – é um erro. Não há relação direta entre fato e recordação. Mas, ao que parece, muitos de nós, entre eles intelectuais e artistas, não se deram conta disso, e continuam vivendo sob a super-estimaçao da vivência pessoal, esse engano que não deixa de ser uma certa vaidade, e que foi chamado por Richard Sennett, em seu clássico O Declínio do Homem Público, de “ditadura da intimidade”. Em resumo, o testemunho traz uma carga do presente que deve ser contrastada com outras fontes, escritas ou não, e que permitam submetê-lo à crítica.

Jimmy Brandon Ávila

quarta-feira, 21 de maio de 2008

O fim de Tom Woolf

É curioso que Tom Wolfe, ele mesmo um best-seller com " A fogueira das Vaidades " junte-se ao coro apocaliptico dos que anunciam a morte do romance.
Já perdi a conta de quantas vezes ouvi falar da tal "morte do romance".Enquanto soam as trombetas funebres, oque vemos é uma produçao e recepçao de romances sem igual na história. Nunca se escreveu tanto, milhoes de romances sao vendidos todos os anos, nos EUA ele é um mercado de bilhoes de dolares com adpataçoes e montagens cenicas.
O que dizer do Brasil entao, onde todo mundo pensa que é escritor!! Do Publitário a atriz da globo, passando pela praga de centenas de alunos de "Oficinas de criaçao" "Escrita Criativa", todo mundo acha que " tem uma boa estoria".
O que me leva a pensar que Woff, só pode estar falando da qualidade e originalidade das obras. Nesse caso nao há dúvida! A maior parte da produçao Literária contemporanea, nao so romanesca, é entretenimento descartavel, sem a menor condiçao de perdurar.
Concordo plenamente com vc no que diz respeito a grande apatia a leitura no Brasil. da vergonha!
É interessante pensar que, no caso especifico da prosa de ficçao, o leitor encontrava uma "traduçao do mundo" nas obras.
Era como se o romance fosse a sintese dos conhecimentos disponivel. Ele desenpenhava um papel que é, hoje, dos livros de Sociologia, Psicologia, Historia e ate de Ciencias.
É celebre a historia do livro de Flaubert chamado, Bouvard e Pecuchet, em que o autor quis reunir todo conhecimento intelectual e pratico disponivel naquele tempo na historia de dois personagens que recebem uma herança e passam a se deticar a todo tipo de estudo.
De certa forma, nao dependemos tanto da prosa de ficçao, sobretudo o romance, para um conhecimento do mundo. Embora, como prega o mais conhecido critico do nosso tempo, Harold Bloom:
" O conhecimento pode estar em todo lugar, mas so podemos encontrar sabedoria nos grandes livros"
Nossa salvaçao é saber que existem SEBALD, COEETZE, SARAMAGO, BOLANO, ROTH, PYNCHON AMOs OZ, IAN McEWAN, GÓNÇALO TAVARES, JONHATAN LETTEL, escritores que deram nova força romance e fizeram com que voltassemos a acreditar na grandeza literária, continuando o legado do "Cavaleiro da Triste figura de La Mancha".
abraços

Torcemos para que o Brasil descubra isso!!!

sábado, 12 de abril de 2008

E .PARA INAUGURAR.. COETZEE, Clarro!!


Tive alguma resistencia em escrever em blog,
talvez pela grande quantidade de blogs sem nada a dizer, ou melhor, com muita coisa sem importancia.
Minha apreensao quanto a "literatura de internet" que, de fato , é a mesma coisa que literatura impressa,
foi em banalizar ainda mais essa arte, que já sofre tanto com todo tipo de marqueteirismos.
Pois bem, espero que todos gostem!
Coetzee estava lá. Na FLIP, muitos nào vao em busca de livros, mas de "celebridades literárias".
Talvez por isso, a reaçao de desaprovaçao por parte de alguns entre o publico que assistia sua leitura de "Diario de um ano ruim".
Um cara perto de min gritou " vai aprender a escrever ! ", talvez desapontado por nao ouvir naquela noite um autor, realmente, bom como, quem sabe, Dan Brown autor de Codigo Da Vince, esse sim, um livro normal.
Um misto de perplexidade e satisfaçao percorreu meu pensamento naquela hora. Afinal, isso parecia confirmar o vigor e a qualidade de uma literatura que nao faz concessoes e a originalidade de um escritor que nao esta interessado em publicidade.
Em livros como DESONRA, VIDA E EPOCA DE MICHAEL K, ELISABETH COSTELLO ou A ESPERA DOS BARBAROS,
Coetzee discorre com uma prosa limpida e sem grandes experimentaçoes sobre a barbarie e a banalizaçao do mal, sobre as
consequencias descabidas do "politicamente correto" e da vida universitaria no mundo anglofilo.
Tais temas, realmente ardos e nao, necessariamente, conforntantes e faceis como gostaria nosso amigo da plateia, faz de sua
obra um profundo questionamento do papel do escritor e da palavra num mundo em inescapavel declinio. So para lembrar, Coetzee é especialista em Beckett, o escritor do silencio, da impotencia da palavra, e que teria sido culminaçao do Canone Ocidental, ou seja, de toda tradiçao literaria desde Gilgamesh, segundo Harold Bloom.
Esse olhar sobre a condiçao humana nao é apenas mais um grito inconformado contra tudo ou contra todos, seu olhar critico
é combinado com a elegancia estilistica de um escritor que tem uma voz e uma originalidade adquirida à muito tempo.
Minha primeira impressao ao ler DESONRA foi e de estar diante de um autor que era uma mistura de Camus e Nabokov. Sei
que isso pode parecer estranho, muitas associaçoes mais adequadas podem ser feitas, mas naquele momento a prosa erudita e
elegante aliada a uma descriçao "natural "de um fato tao tragico, me remeteu direto a esses autores tao dispares.
David Lurie cai por causa do seu envolvimento com uma de suas alunas de literatura e da sanha "Politicamente Correta" do
meio universitario anglofilo, mas isso é apenas estopim para um reaçao em cadeia de proporçoes desmesuradas.
Vemos um homen de meia idade e com serto charme, divorciado ha algun tempo e com uma carreira solida como professor universitario em uma Africa do Sul sob o signo do Apartheid. Ele visita uma prostituta a muito tempo, uma vez por semana e
isso o satisfaz completamente. Um dia, devido a um encontro indesejavel, sua fiel concubina desiste de trabalhar na casa em que
o professor a encontrava. Lurie se ve vulneravel aos charmes de uma garota imatura e confusa, é acusado de assedio e é obrigado a ir morar no interior do pais ao lado de sua filha, que ja, se acostumou a degeneraçao humana pela luta de terra.
Esse homen sofisticado e sensivel vai se deparar com a força de uma terra hostil e regida pela barbarie onde parece nao
haver condiçoes de resistencia ou reaçao.
O que mais surpreende é a formidavel capacidade de coetzee de falar de um episodio, aparentemente, convencional
mas que em suas maos tomam uma perspectiva muito maior e mais densa.
DESONRA colocou Coetzee em um lugar de honra, para aproveitar o trocadiho, no panteao da letras mundiais e
suas outras obras confirmam isso.
Pessoalmente, nao tenho duvida de que, ao lado de SARAMAGO, ROTH e SEBALD, Coetzee já é um dos melhores
escritores do nosso tempo.
Voltarei a falar dele..
E aqui, começo a achar que minha associaçao nao parece tao absurda assim.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

SEBALD ,vitruosidade romanesca



"Em agosto de 1992, quando os dias quentes chegavam ao fim, comecei uma viagem
a pé pelo condado de suffolk na parte leste da Inglaterra, na esperança de escapar do vazio
que eu sentia depois de concluir um trabalho grande."
Assim começa "Aneis de Saturno", terceiro livro do escritor alemao W.G.Sebald, o
autor que deu nova esperança aos amantes do grande romance, mas que teve sua vida
interrompida, brusacamente em 2001, por um acidente de carro causado por um enfarto.
Uma enorme perda para a literatura do XXl, lamentada por notaveis e devotos leitores de sua obra na
europa e EUA.
Essa viagem, que pode ser para diminuir o vazio, para respirar um novo ar ou pisar uma terra diferente,
preencher-se de uma coisa nova e inesperada é o tema constante na obra de Sebald. Ela é a gestadora
do fluxo de pensamentos,o ir de um lugar ao outro que da força a sua descriçao de
paisagens deslumbrantes.
Em Aneis de Saturno , depois da bela liberdade de movimento, eis que o horror paralisante sobrevem
diante dos rastros de destruiçao, essa, dominante em sua narrativa. Seja ela da natureza,
das cidades ou do modo de vida.
No começo do livro o narrador diz:, "exatamente um ano após minha viagem fui levado ao
hospital num estado de quase imoblidade, e lá comecei, pelo menos em pensamento, a escrever
as paginas que se seguem."
Viagens sob o Signo de saturno, emblema da melancolia, nas palavras de Susan Sontag.
Lembro agora, uma entrevista do escritor Amos oz em que ele dizia que, todo dia ao acordar, fazia uma
caminhada pelo deserto e , só depois, começava seu oficio diario.Uma breve percurso, mas uma escurssao do
espirito.
Como Amoz, o narrador também é um escritor, imbuido de ansiedade e da necessidade de isolamento.Esse
narrador, viaja enquanto registra indicios da devastaçao da natureza, se desvia ante a decadencia da modernidade
e medita sobre os mistérios de vidas veladas.
No processo de investigaçao, iniciado por lembranças ou por noticias de um mundo perdido, ele recorda, traz a tona
rumina e sente enorme pesar.
Continua...

terça-feira, 8 de abril de 2008

BOLANO, o maior nome da nova literatura latina






O reconhecimento geral no mundo literario de lingua espanhola vem , desde 1999,

e alcançou o apice com

a obtençao do premio Romulo Gallegos por seu romance "Os Detetives Selvagens".

Cultivado por jovens escritores, pela midia e pelos criticos literarios, na Europa e EUA,

ele é hoje o novo farol da literatura latina.

" Ao desaparecer , aos 50 anos, Bolano parecia ter cumprido, em meteorica carreira, essa

postura radical sem nenhuma impostaçao de vanguarda. E o legado de sua obra vertiginosa e

absolutamente imcomun em numero, variaçao, brilho e densidade surge como roteiro de pistas

e sentidos inesgotaveis , a ser trilhado pelas atuais e futuras geraçoes de amantes sobreviventes do que

ainda pode ser tomado como 'grande arte literaria' ", como disse Francisco Hardman.

Em uma materia de folha inteira no '"The New York Review of Books " ano passado, o titulo dizia:

" Autor de livros como NOTURNO DO CHILE e A PISTA DE GELO, Bolano reiventou no romance

o epico classico".

Continuo amanha...

domingo, 6 de abril de 2008




GONÇALO TAVARES & BARBARIE

"Um grande livro, que pertence à grande literatura ocidental. Gonçalo M. Tavares não temo direito de escrever tão bem com apenas 35 anos"Esse foi o comentario sobre o romance "Jerusalem " que José Saramago faz na orelha do livro.Em se tratando de um escritor tao celebrado quanto Saramago, isso nao pode passar como meraconvençao.Gonçalo Tavares é , realmente, um primor. Um escritor com todos os atributos de um grandecontador de estorias e um formidavel estilista da língua, compavel a um Lobo Antunes ou,ao próprio Jose Saramago.Hoje, beirando os 40, G. Tavares nasceu em 1970, é um escritor acabado e com dominio totalde sua prosa, além de também escrever poesia e fazer incursoes pela dramaturgia.Pois é, o homen nao brinca em serviço, ele estreou na literatura em 2001, com "Livro da Dança"e,passados seis anos, ele já escreveu 20 obras.Isso se deve a uma dedicaçao enorme ao oficio como pode ser lido nesse trecho da entrevista EDUARDO SIMÕES a folha:Tavares explica que o "segredo" da maturidade precoce, com grande número de lançamentos em tão pouco tempo, está nos caminhos que percorreu até o primeiro livro. E no seu método "maníaco" de trabalho."Publiquei meu primeiro livro aos 31, mas desde os 19 ou 20 anos tive metodologia obsessiva, maníaca, de levantar às 5h, ler e escrever. Quase marquei os 30 anos como data antes da qual não iria publicar. Assim teria lido o suficiente para saber se meus livros acrescentariam algo ou não. Boa parte dos meus livros foi escrita nessa fase", diz Tavares, que espera um ou dois anos para retomar a primeira versão de um livro, a que chama de "matéria bruta"."Quando acabo de escrever, a sensação é a de que fiz a melhor coisa do mundo. Passado dois dias, é a segunda melhor. E depois de um mês não é nada especial ou até ruim", conta o escritor. "Então tento fazer outra coisa, escrever outro livro. Depois volto e aí começo a limar, cortar, corrigir. Uma eventual maturidade vem desta distância, de poder iluminar o que já foi escrito. Sinto quase como se o livro não fosse meu e, com olhar de leitor que pode mexer no livro, torna-se menos doloroso cortar."Autor "serial"O método do escritor tem outra faceta: a serialidade. A coleção "O Bairro" prevê 40 "residentes" célebres, entre eles Bertolt Brecht, Paul Valéry, Marcel Duchamp, e, em breve, a ucraniana radicada no Brasil Clarice Lispector. Juntos, os livros formam uma espécie de ensaio sobre a história da literatura, na forma de ficção."Não me interessa a parte biográfica. Tento apanhar espírito dos escritos e temas dos autores. Se as pessoas lerem os livros, não conhecerão a obra destes artistas. Mas é uma espécie de iniciação."Já o romance "Jerusalém" faz parte de uma tetralogia chamada "O Reino", de que fazem parte ainda "Um Homem: Klaus Klump", recém-lançado no Brasil, "A Máquina de Joseph Walser" e "Aprender a Rezar na Era da Técnica", que sai em novembro em Portugal. Os livros, diz Tavares, são uma investigação sobre o mal. Em "Jerusalém", que se passa em um hospício, Tavares contrapõe loucos e racionais, cabendo aos últimos a marca da violência.Evitando a figura de um escritor "crítico do momento", sem especificar quando e onde sua história se passa, Tavares, no entanto, não abre mão de um engajamento sutil na obra."A história das ditaduras é feita da atribuição da categoria de loucos aos inimigos. Stálin fez isso de modo constante e quase todos os ditadores. Na história, de modo geral, atrás de pessoas violentas havia pessoas ingênuas que não percebiam o que estava a acontecer. Entravam numa parada militar ou fuzilavam outra pessoa, sem perceber. A literatura pode ter a função de diminuir a ingenuidade e eu tento aumentar a lucidez das pessoas."Outra "militância" de Tavares envolve o português. Ao agradecer o Prêmio Portugal Telecom, o escritor falou que a ligação entre as pessoas que falam o idioma é um tipo de batalha, que vem sendo ganha exemplarmente pelos espanhóis. "Há circulações entre escritores de língua espanhola e seus livros que não têm correspondência com os de língua portuguesa. Nesse aspecto estes prêmios são bons para combater algum isolamento que exista entre os países. É um bom caminho, que torna as literaturas destes sítios mais fortes. E também a língua."


Continua amanha.


SERA PRECISO UM CANONE?




Me agrada muito que nossos colegas de letras se preocupem com questoes como o canone. já que Para algumas pessoas, inclusive as que dizem gostar de literatura, isso pode parecer discussao academica ou " arte sem ligaçao com a vida"!
Bem, nem é necessario explicar porque isso é totalmente equivocado, basta olhar para a quantidade de grandes poetas e romancistas que se deteram nessas questoes. so para ficar nos mais conhecidos: TS ELIOT, OCTAVIO PAZ, BORGES, VIRGINIA WOOLF, ERZA POUND.........
Admiro o Rabino Jonathan Sacks e gosto dos artigos que ele escreve em jornais brasileiros. Acho que o " rabi" coloca uma questao urgente no meio literario que é os excessos do multiculturalismo literario e sua insistencia de avaliar obras literarias via criterios de genero, raça e ideologia. como acontece nas universidades americanas. Arte nao é democracia e julganentos de valor sao essenciais na apreciaçao literaria.
Como diz o Rabino vivemos num mundo sem herois e impregnado de mediucridade midiatica, o que explica a aversao das pessoas, sobretudo dos jovens, pela leitura.
Hoje tudo e entretenimento facil,tudo deve ser rapido e descartavel, é a " cultura liquida" como bem disse Zignund Bauman. Numa sociedade assim, qual seria o papel da leitura e dos grandes livros?? eles demandam paciencia, reflexao, sao como um vinho que deve ser degustado devagar sensivel a cada mudança do paladar! O lugar da boa estoria e do genio imaginativo´é o classico. Como atestam tantos grandes escritores e criticos. E , é claro, muitos leitores apaixonados, ao longo de muitos seculos!!
O escritor ítalo-cubano Italo Calvino transformou essa questão em nome de livro - "Por Que Ler os Clássicos" (Companhia das Letras)- e deixou bem claro que os clássicos servem para entender quem somos e onde chegamos. São demarcadores de lugar - "Quem leu antes os outros e depois lê aquele, reconhece logo o seu lugar na genealogia"-, mas merecem ser alternados com a leitura do presente."É clássico tudo aquilo que tende a relegar as atualidades à posição de barulho de fundo, mas ao mesmo tempo não pode prescindir desse barulho de fundo", diz Calvino. Portanto, leitura pode ser entretenimento mas fica muito mais saborosa se nao se resume a isso, como acontece na maioria da produçao contemporanea, salva grabdes excessoes como , SARAMAGO,LOBO ANTUNES,GONÇALO TAVARES, MIA COUTO!!
(OBS defendo o muiticulturalismo no campo SOCIAL &POLITICO )

QUEM AMA LITERATURA, CONHECE LITERATURA !


Professor " joga para a plateia " em livro sobre literatura.
Quem ama literatura nao só estuda literatura, como vira professor da matéria em faculdade,
igual ao autor do tal livro. ( QUEM AMA LITERATURA NAO ESTUDA LITERATURA )
Logo imaginei que um título sensacionalista como esse nao poderia ser coisa seria.
Qual nao foi minha surpresa ao descobrir que o autor até clama por um ESTUDO mais
" literario" dos textos, como podemos ler abaixo:

"Nao se trata de opor os que amam literatura aos que a estudam,
mas de separar duas praticas de ensino; o estudo cientifico da literatura e o seu estudo literário.
Eles tem metodos, categorias, recursos e praticas distintos e nao devem se confundir "

Trata-se, veja voces, de um defensor do estudo nao teorico da literatura.
um estudo que nao se baseie por criterios de raça, genero ou ideologicos.
Coisa para Harold Bloom nenhum colocar defeito!!

É isso.
abraços literarios.

DESONRA E DESOLAÇAO



Essa é uma reproduçao da ultima pagina anotada da minha ediçao de Desonra de J.M. Coeetze
escrita em 2 de março 2007.

"Nao sei ainda oque pensar de Desonra. Talvez, como no outro título "Degraça", essa seja a palavra
que permeia toda a historia.
Neste momento, em que, me vejo nessa condiçao, e oque é incrivelmente lamentavel, quase pelo
mesmo motivo.!"

De fato, quando da leitura de desonra passava por uma situaçao desoladora, tanto quanto, a
narrada pelo o professor Lurie, mas que apesar da gravidade nao envolvia uma instituiçao como
a faculdade.