sexta-feira, 11 de abril de 2008

SEBALD ,vitruosidade romanesca



"Em agosto de 1992, quando os dias quentes chegavam ao fim, comecei uma viagem
a pé pelo condado de suffolk na parte leste da Inglaterra, na esperança de escapar do vazio
que eu sentia depois de concluir um trabalho grande."
Assim começa "Aneis de Saturno", terceiro livro do escritor alemao W.G.Sebald, o
autor que deu nova esperança aos amantes do grande romance, mas que teve sua vida
interrompida, brusacamente em 2001, por um acidente de carro causado por um enfarto.
Uma enorme perda para a literatura do XXl, lamentada por notaveis e devotos leitores de sua obra na
europa e EUA.
Essa viagem, que pode ser para diminuir o vazio, para respirar um novo ar ou pisar uma terra diferente,
preencher-se de uma coisa nova e inesperada é o tema constante na obra de Sebald. Ela é a gestadora
do fluxo de pensamentos,o ir de um lugar ao outro que da força a sua descriçao de
paisagens deslumbrantes.
Em Aneis de Saturno , depois da bela liberdade de movimento, eis que o horror paralisante sobrevem
diante dos rastros de destruiçao, essa, dominante em sua narrativa. Seja ela da natureza,
das cidades ou do modo de vida.
No começo do livro o narrador diz:, "exatamente um ano após minha viagem fui levado ao
hospital num estado de quase imoblidade, e lá comecei, pelo menos em pensamento, a escrever
as paginas que se seguem."
Viagens sob o Signo de saturno, emblema da melancolia, nas palavras de Susan Sontag.
Lembro agora, uma entrevista do escritor Amos oz em que ele dizia que, todo dia ao acordar, fazia uma
caminhada pelo deserto e , só depois, começava seu oficio diario.Uma breve percurso, mas uma escurssao do
espirito.
Como Amoz, o narrador também é um escritor, imbuido de ansiedade e da necessidade de isolamento.Esse
narrador, viaja enquanto registra indicios da devastaçao da natureza, se desvia ante a decadencia da modernidade
e medita sobre os mistérios de vidas veladas.
No processo de investigaçao, iniciado por lembranças ou por noticias de um mundo perdido, ele recorda, traz a tona
rumina e sente enorme pesar.
Continua...

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