terça-feira, 4 de agosto de 2009

Ronaldo Correia de Brito e Altair Martins vencem Prêmio São Paulo


Ronaldo Correia de Brito e Altair Martins vencem Prêmio São Paulo
A segunda edição do prêmio de literatura de maior valor do Brasil consagrou os escritores Ronaldo Correia de Brito, na categoria de melhor livro do ano, e Altair Martins como melhor autor estreante, autores respectivamente dos romances "Galiléia" (Objetiva) e "A parede no escuro" (Record).

Cada um dos escritores recebeu R$ 200 mil e o troféu do Prêmio São Paulo de Literatura das mãos do governador de São Paulo, José Serra, e do secretaria de estado da Cultura, João Sayad, na noite desta segunda-feira no Museu da Língua Portuguesa na capital paulista.

- Vejam que é um prêmio nacional, porque ganhou um gaúcho e um cearense. Os paulistas devem se aprumar mais no ano que vem - brincou José Serra após a entrega dos prêmios. - Não é São Paulo, mas a língua portuguesa a verdadeira pátria deste prêmio.

Podem concorrer ao Prêmio São Paulo de Literatura, concedido pelo governo do estado de São Paulo, romances publicados em língua portuguesa cuja primeira edição tenha sido feita no Brasil.

Transformar o escritor em pop star é o objetivo principal do prêmio, segundo João Sayad. O formato foi inspirado no Booker Prize.

- Queremos incentivar a leitura, daí o prêmio ser de um valor escandaloso. Não é coisa de paulista. É para chamar a atenção mesmo - disse o secretário da Cultura.

Sobre os vencedores, declarou o escritor Cristóvão Tezza, integrante do júri final:

- O livro de Ronaldo Correia de Brito revela alta competência literária, investigando tematicamente a culpa e as voltas do acaso. Já o estreante Altair Martins apresenta um romance forte ao contrapor a corrosão do olhar urbano aos mitos do sertão, retomando algumas das questões centrais da literatura moderna e contemporânea.

"Galiléia" custou a Ronaldo Correia de Brito oito anos de trabalho. O romance conta a trajetória dos primos Ismael, Davi e Adonias, que escapam da Fazenda Galiléia de Raimundo Caetano no sertão do Ceará pensando em jamais voltar. Vão viver em grandes centros, mas jamais pertencem a nenhum lugar. Ao voltar à Galiléia, são condenados a um destino trágico.

"A parede no escuro", romance de estreia de Altair Martins, nasceu na universidade, como parte de um projeto de mestrado. Altair trabalhou na obra durante sete anos. Um atropelamento, que resulta na morte de Adorno, deixa duas famílias sem pai. Este acidente desencadeia os relatos de diversos narradores que tentam expiar suas culpas e a perda.

"Galiléia" e "A parede no escuro" competiram com 217 romances de 75 editoras e 13 autores independentes inscritos. Ficaram entre os dez finalistas de cada categoria, após serem escolhidos por um júri formado pelos professores Ivan Marques e Marcos Moraes, pelos escritores Menalton Braff e Fernando Paixão, pelos livreiros Paula Fabrio e José Carlos Honório, pelos críticos literários Marcelo Pen e Josélia Aguiar e os leitores Márcia de Grandi e Mario Vitor Santos.

"Galiléia", de Ronaldo Correia de Brito, disputou o prêmio com "A viagem do elefante" (Companhia das Letras) de José Saramago, "Órfãos do Eldorado" (Companhia das Letras) de Milton Hatoum, "Manual da paixão solitária" (Companhia das Letras) de Moacyr Scliar e "Acenos e afagos" (Record), de João Gilberto Noll, entre outros.

A avaliação final foi feita por um segundo grupo de jurados, que chegou aos dois vencedores. O júri final era composto pelo crítico literário Luis Antonio Giron, a professora Walnice Nogueira Galvão, o livreiro Aldo Bocchini e o leitor Claudiney Ferreira, além de Cristóvão Tezza.

A primeira edição do Prêmio São Paulo de Literatura foi realizada em 2008 e recebeu 146 romances inscrições de 55 editoras e 19 autores independentes. O vencedor do prêmio de melhor livro foi Cristovão Tezza, por "O filho eterno" (Record), e o melhor livro de autor estreante foi "A chave de casa" (Record), de Tatiana Salem Levy.

Veja abaixo a lista completa dos finalistas do Prêmio São Paulo de Literatura 2009:

Melhor Livro do Ano

Carola Saavedra, "Flores azuis" (Companhia das Letras)
João Gilberto Noll, "Acenos e afagos" (Record)
José Saramago, "A viagem do elefante" (Companhia das Letras)
Lívia Garcia-Roza, "Milamor" (Record)
Maria Esther Maciel, "O livro dos nomes" (Companhia das Letras)
Milton Hatoum, "Órfãos do Eldorado" (Companhia das Letras)
Moacyr Scliar, "Manual da paixão solitária" (Companhia das Letras)
Ronaldo Correia de Brito, "Galiléia" (Editora Objetiva)
Silviano Santiago, "Heranças" (Rocco)
Walther Moreira Santos, "O ciclista" (Autêntica Editora)

Melhor Livro do Ano - Autor Estreante

Altair Martins, "A parede no escuro" (Record)
Contardo Calligaris, "O conto do amor" (Companhia das Letras)
Estevão Azevedo, "Nunca o nome do menino" (Editora Terceiro Nome)
Francisco Azevedo, "O Arroz de Palma" (Record)
Javier Arancibia Contreras, "Imóbile" (7 Letras)
Marcus Vinicius de Freitas, "Peixe morto" (Autêntica Editora)
Maria Cecília Gomes dos Reis, "O mundo segundo Laura Ni" (Editora 34)
Rinaldo Fernandes, "Rita no pomar" (7 Letras)
Sérgio Guimarães, "Zé, Mizé, Camarada André" (Record)
Vanessa Barbara e Emilio Fraia, "O verão do Chibo" (Editora Objetiva)

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