sexta-feira, 20 de novembro de 2009

A quem serve a idéia de que tudo é cultura e que qualquer coisa pode ser arte. ?





A resposta não é complexa e pode ser entendida por qualquer um, mesmo aqueles que não têm grande interesse na arte, qual seja:

Há uma relação direta entre o alardeado pluralismo da idéia da cultura contemporânea e a hoje globalizada hegemonia da economia de mercado.


Idéia facilmente percebida na inversão do reconhecimento da arte e da cultura ,antes feitas por meio do critério e convenções estéticas e simbólicas, por critérios de Marketing e publicidade.
Critérios no qual o objetivo é conquistar o maior numero de pessoas possível, sem qualquer distinção que possa atrapalhar a comercialização de mercadorias

E sobre esse aspecto do panorama cultural e artístico das ultimas 3 décadas que pretendo falar de forma clara e um pouco mais detalhada no ensaio que se segue e que começa com um breve historinha.


magine uma criança que começa a se interessar por coisas relacionadas a cultura e a arte. Vamos considerar que ela teve a imensa sorte de ter uma boa formação escolar, tendo aulas regulares de historia, literatura e artes em todas as fases do Ensino-médio e adquirindo um bom aproveitamento das aulas.



Agora vamos pensar que ela, aplicada como é, queira mais, que anseie por conhecer alem dos manuais e das aulas limitadas a grade curricular. Essa criança privilegiada tem acesso Teatro, Cinema, Galerias, Salas de Concerto e a livros, inclusive em casa onde seus pais fazem parte de uma minoria de brasileiros que possuem uma biblioteca em casa, e o que é mais incrível, um acervo constantemente atualizado na área de humanidades, além, é claro, do acesso a toda mídia de massa.



Finalmente ela procura vorazmente tudo que diz respeito a arte e a cultura dos últimos 30 ou 40 anos ( Ela também procura na Rede mas é muito esperta para não perder muito tempo ai) e, depois de muitos dias experimentando as mais diversas sensações e elaborando as suas impressões a respeito delas, mesmo sabendo que não vai assimilar tudo de uma hora para outra , pois aprendeu que muito do entendimento vem com a experiência e a reflexão a longo prazo, ainda assim, ela sente uma enorme vontade de tentar definir o que são essas duas coisas que são tão ricas, e tão especiais, que lhe parecem muito diferente das outras coisas mas que muitos dizem poder ser tudo, que tudo é cultura e que qualquer coisa pode ser arte.





Como essa criança curiosa e perspicaz , muitos adultos, ainda que bem formados e sensíveis, entre eles alguns próprios artistas, professores e críticos, sentem um vazio enorme diante de algumas coisas que são apresentados a eles como manifestações culturais e artísticas.

Diante de tal frustração muitos simplesmente desistem de entender e se afastam de tais fenômenos. Mas a um outro grupo que, por oficio ou hobby, não admitem desistir e passam a desenvolver uma relação ora de legitimação e reprodução dessa idéia, ora de contestação, por meio de argumentos diversos.



E é a partir dos questionamentos enfáticos dessas pessoas que a pergunta no titulo do ensaio se faz balizadora da discussão.



Continua...




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