sexta-feira, 30 de maio de 2008

As Lagrimas de Saramago




Uma imagem para a historia da literatura.

Nesses últimos dias pessoas do mundo todo entre fãs, leitores e adimiradores do
grande escritor José de Souza, mais conhecido como José Saramago, foram presenteados
com um video no You Tube revelando reações emocionadas do escritor e do diretor Fernando
Meireles no final da exibiçao de "Blindness", adaptaçao do formidavél "Ensaio Sobre Cegueira".

Para leitores inveterados de Saramago, como nos, aquela imagem foi sublime. O silencio
apreensivo pairando no ar e, derrepente, uma lágrima vazada do rosto desse senhor, seguida
de um carinhoso beijo em sua testa por um Meireles aliviado e , também, emocionado.

Essa imagem é também, para todos que conhecem o temperamento do velhinho, surpreedente
pois, Saramago costuma ser um homem serio e reservado, deixa a emotividade para os
"Marketeiros da Escrita". Isso nao quer dizer que ele nao tenha senso de humor, com tiradas sutis,
já deixou muitos em situaçao de ridículo.

Em uma de suas visitas ao Brasil, foi a um colégio de classe media alta em Pinheiros chamado, se
me lembro bem, Santa Cruz. Iria fazer uma breve leitura do seu mais recente livro, Homen Duplicado, depois
autografaria os livros. Fui até ele, como todo mundo, passei pela fila de autografos mas, por um momento,
fui ao banheiro e ao voltar, ele achou que eu havia cortado fila;

" Oras, tens que pegar fila como os outros!" a menina que estava ao meu lado logo preciptou a falar em meu favor, mais aliviado pude pergunta-lhe algumas
coisas enquanto autografava meus livros e, veja só, consegui tira até foto com o célere homem!

Ensaio Sobre a Cegueira foi o o segundo livro de Saramago que li, vinha de muito boa impressao do livro anterior
Todos os Nomes, uma obra muito inventiva, com que para min permeada de ecos Kafkianos.
Mas Ensaio..., foi um choque!
Um livro monumental e original, sua trama de digressoes extenças e sem pontuaçao era difrente de tudo
oque eu tinha lido. Nao que eu desconhecesse, Woolf, Faulkner, Mann, Nabokov ou Joyce.
Mas aquilo era um primor!


Em 9 de Agosto de 1995, Saramago escre em seu diario ( Cadernos de Lanzarote 1 vol) que terminara

no dia anterior Ensaio...


"Quasse quatro anos após o surgimento da ideia, ocorrido no dia 6 de setembro de de1991, quando, sozinho

almoçava no restaurante Varina da Madragoa, do meu amigo antonio Oliveira.

Exatamente tres anos e tres meses depois em 6 de Dezembro de 1994, anotava no mesmo caderno que

decorrido todo esse tempo, nem cinquenta paginas tinha ainda conseguido escrever: viajara, fui operado de catarata... E lutei , só eu sei quanto, as dúvidas, as perpelexidades, os equivocos que a toda hora se me

iam atravessando na historia e me paralisando. Como ne nao fosse o bastante, desesperava-me o proprio horror

do que ia narrando. Enfim acabou, ja nao terei de sofrer mais "


Saramago vai deizer que da ideia original ficou" tudo e quase nada" e que escreveu o que queria, mas nao

escreveu como tinha pensado.


Ainda assim, o livro tornou-se uma narrativa extraordinária de um escritor com dominio total de suas arte, um homen que se fez aos poucos, que decidiu calar-se por muitos anos e so voltar quando tivesse algo a dizer.( ah! se todos fossem iguais a voce!)
A historia de uma cegueira branca, a cegueira que, ao contrário de esconder, revela mais que a visão plena. Poucas vezes a barbarie humana, seu egoismo e violencia foram tao bem explicitadas em um romance.
Saramago criou nessa " Fábula Contemporanea" uma inversão da nossas impressões para mostrar-nos como
realmente somos.
Quando os olhos se fecham para o humano, para o outro, ai então, temos a cegueira de verdade, a total miopia
do homen.






2 comentários:

  1. Ótima análise sobre Saramago e sua obra, mas infelizmente eu sou suspeito em dizer...

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  2. Pois é ALE!
    Vc tambem é um grande admirador do velho Saramago,como nao ser, nao é verdade??

    abraços

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