sábado, 4 de abril de 2009

Aos escritores ansiosos



Em seu " ateliê" de trabalho, Lobo Antunes recebeu o jovem escritor celebrado pela critica mundial como " grande revelaçao ( ja se vao uma decada) da literatura portuguesa e elogiado por seu rival Jose Saramago.


Foi um encontro especial, dois dentre os maiores escritores da lingua portuguesa ainda vivos, LOBO ANTUNES e GONÇALO TAVARES, se encontraram para uma conversa reveladora .


GMT: Gostava de contar uma história. Quando tinha 20 anos, enviei-lhe um manuscrito de um romance. Não se deve recordar, mas falou comigo ao telefone. Nessa altura, eu assinava com outro nome: Gonçalo Albuquerque Tavares.

ALA: Gonçalo Albuquerque Tavares. Lembro-me perfeitamente.

GMT: E gostou muito do livro. Recordo-me de terminar o telefonema a dizer: «Você é um escritor, não precisa de mim para nada, este livro está pronto para publicar, avance.» Quando desligámos, fiz um sapateado de alegria. Nunca cheguei a publicar esse livro, mas lembro-me da sua atenção e da sua disponibilidade para falar. Aos 20 anos, isso foi muito importante para mim.

ALA: Está a fazer de mim um velho.

GMT: Não… E acho que, apesar do seu conselho, fiz muito bem em só publicar aos 31 anos.

ALA: Lembro-me de falar à editora de um rapaz com uma grande margem de progressão, que era o que me interessava. Percebe-se que se trabalha… Quem quer escrever tem que escrever todos os dias. Porque este é um trabalho de disciplina. Claro que existe o talento. García Márquez, que é um grande narrador, dizia que o talento é como um berlinde na mão: ou se tem ou não se tem. Estava na América quando morreu o Paul Newman e, numa entrevista de arquivo, ouvi-o falar das pessoas que tinham talento natural e não trabalhavam.

GMT: A mim irrita-me o desperdício de tempo. Às vezes, apetece-me bater em algumas pessoas que tiveram a possibilidade de ler e não leram.


O resto é silencio.

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