sábado, 4 de abril de 2009

Uma estorinha em progresso (nada serio)


Dessas Outras Vida

No átrio circundado de grandes pedras antigas e de chão machucado pelo tempo, o miúdo homem de casaco longo vê uma grande Vênus leitosa, alva como nuvem, rasgada de contornos, obscenamente marcados a tempos imemoriais. Tira afoitamente o pequeno caderno de notas do bolso e escreve, agora mais calmo e num deslizar quase artístico, sua impressão muito afetada da escultura.
Diz se que muitos escritores, ou aspirantes a tal, teem fixação por cadernos de notas, sentem como se fosse seu instrumento, o objeto característico do metiê. Como os médicos, que são identificados pelo jaleco e estetoscópio, o poeta seria distinguível por um objeto concreto. Nessa época do ano o vento costuma fazer mais barulho e o corpo já não se esquenta facilmente. Mesmo no velho continente, desde muito, gelado e (implacável) a carne range, ainda que já condicionada, e os dentes cerram...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pelo comentario!